O tema que vos trago hoje sugere... gula! Quem pouco ou bem me conhece percebe, desde cedo, que um dos meus grandes prazeres se prende a este pecado, por vezes mortal (ainda que não seja egoísta e o partilhe com a minha cara metade). Costumo até dizer: "Como o que tenho no prato por respeito à comida." Obviamente que me refiro áquilo que considero obrigatório numa alimentação saudável e que, muitas das vezes, negligenciamos.

Somos muito engraçados. Somos de hábitos. E somos biologicamente formatados (digo eu). Isso passa também pela alimentação. Não me vou alongar sobre sedentarismos e obesidade que isso é assunto para outro tema mas, oportuno será, recuar até à era do Paleolítico (já vão perceber porquê).

Foi há 2,5 milhões de anos que surgiu a intitulada Idade da Pedra Lascada que deu origem às sociedades recolectoras primitivas. O Homem vivia literalmente daquilo que a natureza lhe dava. Pescava, caçava e colhia. Os pomares eram escassos e a agricultura que conhecemos hoje era inexistente. É neste seguimento que surge a Dieta Paleo, como é conhecida actualmente.

Tenho lido alguns textos e tomado notas junto de uma amiga que já é entendida no assunto (a propósito, tem uma página no Facebook onde vende produtos Paleo, a Papaleo). A noção básica que construí em torno desta alimentação baseia-se no não consumo de tudo (ou quase tudo) o que surgiu com a industrialização. Isto obriga-nos a um regime extremamente saudável e a uma forma de estar, acima de tudo.

Mas não vamos ser de extremos e querer imitar o Paleolítico à força. Na verdade, esta Era da Pré-história pretende apenas ser a linha condutora para uma alimentação adaptada aos dias de hoje. Ainda que a esperança média de vida rondasse os 54 anos, falamos de um primata com bastante energia e força, que percorria quilómetros e caçava. As mortes eram apenas ditadas pelo perigo de infecções e de predadores. Nada relacionado com obesidade, diabetes ou problemas cardíacos. Portanto, isto traduz-se em muita coisa!

A realidade é que o nosso organismo não está preparado para tantas transformações que insinuamos ao paladar (gulosos, gulosos, gulosos!!!). Comemos bolos porque nos sabe bem, bebemos Coca-Cola porque nos sabe ainda melhor e não paramos para questionar se o nosso corpo precisa realmente destas porcarias. Porque o resto (dos efeitos) nós não vemos e achamos que é ainda menos questionável.

Ingerimos imenso açúcar (muito mais do que possas imaginar), imensas gorduras saturadas, farinhas em demasia (...) e os picos de valores instalam-se. Quer queiramos quer não, a influência que isto exerce no nosso humor e disposição (física e mental) é muita.

A Paleo dá, portanto, prioridade aos seguintes alimentos: carne, peixe, marisco, gorduras naturais (abacate, manteiga, banha, óleo de coco, azeite virgem e outros derivados de sementes ou frutos com prensagem a frio), ovos, vegetais, fruta (de preferência da época) e frutos secos (atenção que o amendoim não faz parte, é uma leguminosa).

São proíbidos: açúcares processados, óleos e gorduras vegetais, hidratos de carbono simples (todos os derivados de trigo) e leguminosas (feijão, grão, ervilhas, favas, lentilhas, soja e milho).

Alguns de vocês (para não dizer todos) devem estar a pensar: "Mas porquê que não se pode comer soja nem pão?!" A explicação é mais ou menos simples. Grande parte das leguminosas são compostas por anti-nutrientes, ou seja, compostos que dificultam a absorção de nutrientes do sistema digestivo e aumentam a produção de gases. Além disso, este "mandamento" é sustentado pela ausência de agricultura no Paleolítico. Quanto ao trigo (ainda que a minha foto sobre o tema seja tão pouco suspeita) é o glúten o principal responsável pela sua inibição. Para além dos intolerantes a esta substância (celíacos) podem ainda existir reações secundárias como dificuldade na digestão e "queixas" gastrointestinais que provocarão, consequentemente, inchaço abdominal (a culpa é da cerveja).

Depois, existem ainda outras abordagens pertinentes. O leite é uma delas. Por motivos óbvios não é nem deve ser consumido pois contém açúcar em forma de lactose. E mesmo aquele que diz "sem lactose" leva com kilos de açúcar para a substituir. Porque, afinal, este tipo de produto é direccionado aos intolerantes. Até aqui tudo bem, mas queijo e iogurtes? A resposta é um "sim!" porque durante a fermentação a lactose é convertida em ácido lácteo.

No que respeita a outras comparações, digamos assim, entre o Paleolítico e a dita civilização impera o bom senso. A aveia, por exemplo, não deve conter vestígios de glúten. Há fábricas que não são exclusivas à sua produção e acabam por contaminá-la devido à presença de trigo e de centeio nos tapetes rolantes. Há que ter em atenção estes aspectos no momento da compra e ler muito bem os rótulos.

De um modo geral, deves certificar-te que os alimentos presentes na tua dispensa são de origem orgânica - o mais natural e biológicos possível e evitar tudo o que seja processado ainda que aceitável na dieta Paleo.

Para já continuo a explorar o assunto e a recolher o máximo de informação possível para que, daqui a uns dias, possa processa-la e dar inicio a esta nova aventura. Decerto que vai gerar o seu lado bom. Estou confiante! Qualquer coisa tenho a minha Super Amiga à disposição. Não é Ana Sofia Barata?

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